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Mariana W. von Hartenthal

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Havel Havalim: Diogo Muñoz

“Havel havalim”: hebraico para “vaidade das vaidades”, palavras que abrem a reflexão de Eclesiastes. “Vaidade das vaidades! Tudo é vaidade”, afirma o rei de Jerusalém, preocupado em revelar a futilidade do esforço humano, esse castigo divino. O sábio não condena apenas a frivolidade na busca pela riqueza material e glória, mas alerta que mesmo o trabalho árduo e o acúmulo de conhecimento são frutos da vaidade, pois não deixarão marcas permanentes sobre a Terra. Todo engenho humano é passageiro – outro sentido de “havel” é “sopro”, “vapor” ou “fumaça”, e “havel” é origem de Abel, sopro de vida breve. Mas se a vaidade é sopro fugaz, também é, como a respiração, essencial ao Homem.
Nas obras aqui reunidas, Diogo Muñoz traça um comentário apurado sobre a vaidade, pecado do qual a humanidade não escapa. Figuras anónimas retratam-se em selfies na busca pela celebridade elusiva das mídias sociais, disputando o palco com desportistas consagrados, estrelas da música e génios da arte. No mundo imaginado pelo artista, Da Vinci, Velázquez, Hockney, Mike Tyson e os Rolling Stones convivem com Napoleão e outros heróis da história, monarcas e a Mulher Maravilha. Artistas circenses, tema recorrente em sua obra, pontuam a euforia melancólica deste picadeiro de vaidades. Animais surgem, às vezes como míticos seres fora de lugar, às vezes em situações cómicas e insólitas. Uma respeitável família de veados placidamente espera por algo, macacos copulam, um urso em uma trotinete é flagrado atrás das árvores. No centro de um grande painel, uma figura seminua esconde a face enquanto abre as asas, como um anjo caído sob um luminoso em forma de estrela. São aparições que, como espelhos retorcidos, querem nos dizer algumas verdades.
Mas a fábula de Muñoz não é moralista. Pelo contrário, o artista assume sua participação nesse espetáculo da vaidade. De forma pontual e precisa, ele combina elementos minuciosamente detalhados com o pop e o kitsch sem apelar ao virtuosismo exacerbado, porque sabe que a vaidade tem também seu propósito e encanto. Não é à toa que vanitas, género de pintura que denuncia o vazio dos prazeres mundanos perante a certeza da morte, nos seduz com suntuosas superfícies decoradas. Para Muñoz, a vaidade é uma força pulsante, impulso tanto da leviandade quanto da grandeza humanas. Fortunas da arte e da sabedoria com frequência se originam em anseios frívolos, e intenções supostamente puras muitas vezes encobrem um torpe desejo de adulação. Nesse carnaval lírico e soturno, Muñoz sugere que a gravidade da tragédia humana e a leviana comédia não estão distantes, ambas efêmeras. No final, como conclui Eclesiastes, é “tudo vaidade, e vento que passa.”

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Um extravagante manto místico cobre o corpo fendido do cangaceiro

Artigo publicado na revista Crítica Cultural em junho de 2021, disponível aqui

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Outras Histórias: O Pensamento decolonial nos Museus

Fui convidada para falar sobre minha pesquisa em colonialidade e museus para os alunos do Programa de Pós-graduação em Ciências da Linguagem da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL).

I was invited by the graduate program in Language Sciences at Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL) to talk about my research on coloniality and museums

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Relato Crítico Pesquisa do ICOM-BR

Fui convidada pelo Forum Permanente para fazer um breve relato crítico sobre as descobertas da pesquisa do ICOM Brasil sobre a situação dos profissionais de museu durante a pandemia, chamada “Dados para navegar em meio às incertezas”. O texto completo está disponível aqui.

Forum Permanente invited me to write a critical report about the survey conducted by ICOM-Brazil with museum professionals during the pandemic.

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A Linguagem Visual das Exposições Digitalizadas

Em setembro de 2020 eu fui convidada pelo Museu Paranaense para falar sobre a linguagem visual das exposições digitalizadas, prática que se tornou muito comum quando os museus tiveram que fechar suas portas no início da pandemia. A palestra foi parte da Primavera dos Museus, organizada pelo Instituto Brasileiro de Museus.

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Gandhi em Veneza

Resenha da exposição “Our Time for a Future Caring”, que ocupou o pavilhão da Índia na 58ª Bienal de Veneza (2019) e reuniu oito artistas. Roobina Karode foi a curadora do pavilhão na Bienal, cujo tema foi May You Live in Interesting Times, teve curadoria geral de Ralph Rugoff . Com uma proposta tradicional, bem definida e bem executada, a exposição representou de forma positiva a produção artística moderna e contemporânea do país.

O texto foi publicado pela ResenhasOnline e pode ser acessada aqui.

Vista do Pavilhão da Índia na Bienal de Veneza. Em destaque, a obra Of Bodies, Armor and Cages de Shakuntala Kulkarni. Ao fundo, os posters Haripura de Nandalal Bose.
Vista do Pavilhão da Índia na Bienal de Veneza. Em destaque, a obra Of Bodies, Armor and Cages de Shakuntala Kulkarni. Ao fundo, os posters Haripura de Nandalal Bose.

Contingere

Exposição Contingere

Cisterna Galeria - Chiado, Lisboa

Patente de 17 de setembro a 20 de novembro de 2020

Catálogo disponível no link

Texto curatorial

CONTINGERE é a raiz latina de “contingência”, “contato” e “contágio”.A exposição, que reúne nove artistas na Galeria Cisterna, é fruto de algumas das muitas contingências que definem o nosso tempo. As obras apresentadas não respondem necessariamente à pandemia ou foram produzidas durante a crise, mas nelas encontramos temas agora incontornáveis. O contato com a pele e o corpo, tão importante quanto perigoso, apresenta-se nas telas de Maya Weishof e Zoë Sua Kay. A impossibilidade do trabalho e o peso da ausência e da distância são anunciados pelas instalações de Susana Anágua. Os cupcakes de Ana Fonseca evocam o adiamento do prazer. A casa surge como refúgio e cárcere nas peças de Bettina Vaz Guimarães e Liene Bosquê. Nos desenhos de Jorge Leal lembramos da ânsia pelo horizonte aberto da paisagem. Encontramos a natureza como simultaneamente cura e ameaça nas obras de João Távora e a natureza, não ameaça mas ameaçada, nas fotografias de Miguel Santos. Mais do que provocações inerentes às obras, estas e outras leituras resultam do nosso olhar contaminado que projeta perceções pandémicas em quase tudo que vemos. Contingere assume esta visão sem romantizar a doença ou diminuir o impacto da crise.

SOBRE OS ARTISTAS

ANA FONSECA (São Paulo, 1978. Vive em Lisboa) A produção artística de Ana Fonseca contempla principalmente desenhos, esculturas, instalações e performances. Alegorias, alusões a diferentes períodos históricos e referências domésticas são temas frequentes em sua obra, de expressão assumidamente barroca.

BETTINA VAZ GUIMARÃES (São Paulo, 1961. Vive entre São Paulo e Lisboa) Bettina Vaz Guimarães produz pinturas, desenhos, colagens e instalações que percorrem as inflexões sinfônicas da cor. Suas obras abstratas remetem ao habitar a casa e a cidade enquanto navegam entre perceção imediata e narrativa.

JOÃO TÁVORA (Lisboa, 1981. Vive em Lisboa) O desenho ocupa posição central na obra de João Távora, como meio expressivo e tema de investigação. O traço é vestígio de uma exploração que se desenrola no atrito entre o carvão e a superfície do papel.

JORGE LEAL (Lisboa, 1975. Vive em Lisboa) Jorge Leal interroga a expressividade do gesto, os elementos constituintes do desenho e a sua relação com a escrita. Suas obras exploram temas como deslocamentos, o encontro com a paisagem e a solidão em meio à multidão.

LIENE BOSQUÊ (São Paulo, 1980. Vive em Miami) Liene Bosquê produz instalações, esculturas, performances e fotografias. A artista parte do vazio e da ausência que encontra na arquitetura, arqueologia e história urbana para indagar a formação de memórias coletivas e nossa relação com o espaço e o lugar.

MAYA WEISHOF (Curitiba, 1993. Vive em São Paulo) A pintura de Maya Weishof trata o corpo e a paisagem como matérias e como possibilidades visuais e sensoriais. Deformações, distorções e transbordamentos inviabilizam os limites que separam figura e fundo, objeto e sujeito e criam seres e lugares híbridos.

MIGUEL SANTOS (Lisboa, 1974. Vive em Lisboa) Miguel Santos trabalha com fotografias, vídeos e instalações que encontram a natureza como locus da tensão entre o humano e o não humano. Suas obras evidenciam um intenso diálogo com a ciência e um profundo conhecimento da história da arte e da fotografia.

SUSANA ANÁGUA (Torres Vedras, 1976. Vive em Lisboa) Em instalações, esculturas e vídeos, Susana Anágua incorpora resquícios e fragmentos de processos industriais e tecnológicos. Suas obras apontam para as possibilidades e as limitações da memória ao anunciar a perda de referência trazida pelo tempo e a ausência.

ZOË SUA KAY (Lisboa, 1988. Vive em Nova York) As pinturas de grande precisão técnica de Zoë Sua Kay habitam a fronteira incerta que separa figuração e abstração. Pele e o corpo, temas centrais, são ao mesmo tempo sinal de experiências vividas e elemento poético cuja proximidade evoca distantes constelações.

Exposição Contingere
Exposição Contingere

Catálogo da exposição

Entrevista com Time Out

Em setembro de 2020, dei uma entrevista para a jornalista Maria Monteiro, da Time Out Portugal. Pode ser encontrada aqui, na página de Artes.

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Peter Scheier and Marcel Gautherot: Brasília Lyric and Epic

Catedral Metropolitana de Brasília em construção, 1960. Fotografia de Peter Scheier. Coleção Peter Scheier, Instituto Moreira Salles.
Catedral Metropolitana de Brasília em construção, 1960. Fotografia de Peter Scheier. Coleção Peter Scheier, Instituto Moreira Salles.

Publicado em Sophia Journal 1, n. 4 (2019).

Corporate Photography Goes to the Forest

Publicado em Artelogie 12 (2018)

The Cangaceiros: Bandits Covered in Stars and Flowers

Publicado em La Habana Elegante n. 57 (2015)

Paolo Ridolfi - Pinturas Vazias

Texto Curatorial

As Pinturas Vazias aqui reunidas são invólucros, envelopes e pacotes, embrulhos “vazios” significados pelo olhar que sempre procura – e fabrica – sentido para o que vê. Uma caixa envolvendo um frágil quadro de madeira funciona como uma analogia incompleta da tela que, feita em plástico transparente, não recebe tinta e guarda o chassis que deveria sustentá-la, em um questionamento da ideia de estrutura que une as Vazias. Pedaços da lona utilizada na confecção da tela de pintura, cobertos por camadas de tinta, são soldados ou colados para criar invólucros densos de conteúdo inacessível. Outra caixa transparente envolve um embrulho confeccionado em papel alumínio, moldado de forma a replicar o padrão bico-de-jaca que Paolo Ridolfi frequentemente utiliza. Um invólucro contendo outro, a caixa de acabamento polido e uniforme parece querer alinhar o pacote irregular em seu interior. Outra caixa, esta de cobre, marcada como se o artista a houvesse martelado na intenção frustrada de abrir à força um pacote precioso, está prestes a se desfazer.

 Deformação e desintegração afligem várias das Vazias: formas saem do esquadro, escorrem de si mesmas, tornam-se flácidas. Desafiando a utopia de um mundo harmonicamente organizado tão cara ao abstracionismo geométrico, sugerem um equilíbrio precário, como no pacote de lona branca que escorre da moldura de cobre que insiste em estruturá-lo.

 Mas o muito que o olhar extrai destes envelopes não se limita ao significado da matéria e do formato das obras. Ao guardar quadrados em outros quadrados, Paolo executa um jogo de cheio e vazio e reinterpreta as célebres peças de Josef Albers. Pacotes de plástico também embalam, quase sufocam, conteúdos menos sisudos, boias decoradas com personagens infantis. Sugerindo tempos inocentes e alegres que, encapsulados, tornaram-se inacessíveis, lembram que a estrutura que nos sustenta também isola e limita. Na sala histórica encontramos Palíndromo preso à parede, um quadro que tenta escapar de si, mas que paradoxalmente afirma o comprometimento das tridimensionais Vazias com a pintura.

 Arte por Ato1Lab

Arte por Ato1Lab

A cidade e os mortos: os cemitérios e o desenvolvimento urbano de Toledo, Espanha

Publicado em Territórios e Fronteiras 11, n. 2 (2018)

From Fortress to Forest: The Village of Mazagão and the Boundaries of Utopia

Artigo apresentado na conferência Colonial (mis)understandings, organizada pelo CHAM - Universidade Nova de Lisboa, de 17 a 19 de julho de 2013.

Texto

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Contingere
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Peter Scheier and Marcel Gautherot: Brasília Lyric and Epic
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Paolo Ridolfi - Pinturas Vazias
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